sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Chapéus há muitos!!







Momentos parvos

Let it snow, let it snow

Desde sexta-feira passada que não para de nevar. O que para mim é qualquer coisa de especial =) nunca tinha tido a experiencia de sair de casa e estar tudo branco. Passear na rua e escorregar no gelo, brincar na neve, fazer bolas de neve… UAU. Se não fosse pelo frio negativo que se faz notar por aqui, seria mesmo uma experiência perfeita. Já algum vez sentiram a neve acabadinha de cair do céu com as vossas mãos?? É tão leve e fofa que nem algodão. Chegamos sempre atrasadas à organização porque andamos sempre à luta umas com as outras na neve, a fazer bolas de neve e a ver quem consegue pôr neve nas costas das outras. Eh, eh


Fiz o meu primeiro anjo na neve, tal e qual como nos filmes! =) =) =)



Indescritível o meu estado de alma nestes últimos dias. Pareço uma criança sempre que saio de casa e vejo os passeios cobertos de neve (e tento não escorregar)… Apesar de não estar habituada a ter todo um ritual antes de sair para a rua (veste casaco, aperta até cima, põe luvas, põe cachecol) é incrível sair de casa e ver a cidade toda coberta dum maravilhoso manto branco. Não consigo parar de tirar fotografias.



Ainda não vos contei da chegada da minha colega de quarto. A Raika. É alemã e chegou na quinta-feira passada, o que significa que já não tenho o quarto só para mim. Mas vale a pena. Felizmente tenho tido muita sorte e as minhas colegas de casa são todas impecáveis. Temos todas, mais ou menos, as mesmas ideias e gostamos do mesmo, o que ajuda muito quando se partilha uma casa. A Raika também partilha os nossos sentimentos, estamos todas aqui para nos divertir e é mesmo isso que vamos fazer. =)
Com a chegada da Raika, algumas coisas mudaram, para melhor. =) Tendo em conta que ela fala Inglês fluentemente, estamos todas a melhorar o nosso inglês e sempre a pensar na maneira mais correcta de dizer isto ou aquilo.



Já começamos a criar os nossos primeiros rituais:
- Domingos à noite: noite de máscaras faciais e cocktails. Conseguem imaginar o divertido que é.
- Fazemos Pilates todas as noites.
- E de vez em quando falamos na nossa língua mãe, para que todas consigam aprender e ensinar Alemão, Português, Húngaro e Romeno.
(ter uma casa com 4 meninas, dá nisto)
- Ah, e claro, comer chocolate e gomas enquanto falamos mal de homens. Eh eh (não é bem assim, mas só para dar uma imagem)



O primeiro fim-de-semana por cá, confesso que acabou por não ser muito produtivo mas em termos de criar laços entre as 4, foi óptimo.



Girl’s night out
Sexta à noite lá fomos sair pela primeira vez, aqui por Nyíregyháza. Acabámos por não ir para nenhuma discoteca pois estávamos de rastos. Ficámos pelo pub a beber e a socializar com a Vicky (nossa mentora) e alguns amigos dela. Já sei pedir uma cerveja – Kérek egy Sört. Útil, hein?! No caminho para casa, apercebemo-nos que conseguíamos “patinar” na neve, a partir daí conseguem imaginar o resto do caminho… sempre a patinar e fazer figuras parvas, mas foi tão divertido. (depois mostro o vídeo)
No sábado estávamos tão preguiçosas que nem saímos de casa. Foi dia de Preguiça total! Não se fez mesmo nada, só estar estendidas na cama a aprender Húngaro, jogar cartas e ver filmes. Soube tããããão bem.



No domingo já loucas por não fazer nada, fomos às compras bem cedinho para encher a dispensa e o frigorifico (e claro a alma, também). Ao que parece perdemos a cabeça e comprámos quase o supermercado todo. Devem imaginar como foi um longo caminho para casa a pé… É mesmo má ideia 4 raparigas sozinhas às compras, chocolates, chocolates, chocolates e vá, para variar uns 4 pacotes de gomas para não enjoarmos. (E mais umas quantas bolachas para levar para o escritório) tse tse tse
(Com isto tudo o Pilates deve fazer um grande efeito, hum?!)



De volta ao mundo real, chegámos a casa e fomos fazer o almoço. A Tünde tratou de pôr mãos à obra e fez almôndegas. (algo semelhante, mas vamos chamar de almôndegas na mesma). E a Raika fez o molho, enquanto eu e a Zsuzsa pusemos a mesa e lavámos a loiça. (Também é importante, sabem?!) 1º almoço de Domingo huuumm, bem bom. Andamos a viver no luxo.
Com o passar das horas, chegou a altura do cocktail da semana. Sabem qual foi?! CAIPIRINHAS J óbvio que todas as meninas adoraram. E entretanto máscaras faciais! É mesmo coisa à menina, não é? Mas acreditem que nos divertimos muito. Além de que ficamos com uma pele fantástica.
Em resumo foi um fim-de-semana muito bom, nada produtivo em termos de utilidade (talvez apenas no aumento do meu léxico húngaro) mas deu para descansar da semana “stressante” de trabalho. Ah ah ah



Falando agora um pouco mais a sério, acreditem que já estou farta de não ter muito para fazer na organização. 6 horas por dia sem fazer nada… dá cabo do juízo a qualquer um. Já não sei que mais pesquisar na internet, que mais e-mails mandar… bah! Vou ter que arranjar qualquer coisa para trabalhar, senão dou em louca e o meu cérebro deixa de funcionar.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

As meninas vão ao Teatro + NEVE!!





Hoje começo por pedir desculpa porque este meu post não será tão engraçado como das outras vezes. Como seria de calcular após as primeiras peripécias e tempo de adaptação aparecem as percepções de coisas que podiam ser melhores, desencontros de expectativas.




Primeiro, na organização onde estou a trabalhar ninguém fala inglês além da minha mentora, a Vicky. O que significa que quando preciso de alguma coisa e, por acaso, a Vicky não está, lá tenho eu que chatear as minhas colegas para serem as minhas tradutoras ou vice-versa.

E na organização, além de não falarem inglês, decidem ignorar a minha presença a maior parte das vezes, em vez de fazerem um esforço para dizer um “Olá” (que por acaso em inglês e húngaro é igual: “hello”, ou “Szia” que se lê como em inglês “see ya”). E por vezes quando vão ao nosso escritório falar com as minhas colegas romenas não me falam de todo, chegam, falam com elas e vão se embora e nem água vem, nem água vai.

Quer dizer, pensei eu, se eles são uma organização que recebe voluntários estrangeiros que não falam húngaro, como raio se vão sentir bem-vindos se ninguém lhes dirige a palavra?! Eu sei que também tenho que fazer um esforço para falar húngaro e lá vou dando o ar da minha graça, mas também que vontade tenho eu se eles preferem tratar-me como um fantasma, que não está lá? No entanto, quando mostro o meu melhor húngaro “sziasztok” (olá e adeus), arregalam os olhos até riem e respondem, mas nem assim no dia seguinte tentam falar comigo…


Mas como tristezas não pagam dívidas, fui falar com a Vicky (única que me entende, pobrezita) e contei-lhe isso mesmo que ninguém estava a fazer um esforço para me sentir integrada e bem-vinda, e tendo em conta que foram eles que me escolherem para trabalhar para e com eles, não estavam a iniciar este relação da melhor maneira. Ao que parece resultou =) agora sempre que vão lá ao escritório, para fazer qualquer coisa, lá vem um belo “Szia” e ainda traz um amigo, um sorrisinho!

Hoje até me engasguei, estava a comer um croissant no escritório quando entra uma trabalhadora de lá (uma das piores que me ignorava) e até me desejou Bom Apetite!!! UAU (bem, foi em húngaro, mas ela percebeu que eu não tinha percebido e disse em francês… UAU!) Portanto espero que, a partir de agora, haja um esforço de ambas as partes para que a comunicação flua melhor. (Vou-vos pondo a par)

Por falar no croissant, tenho que partilhar que aqui as coisas são muito baratas! Não sei se sou eu que estou mal habituada a Lisboa e ao €uro (que veio encarecer muito as coisas) mas hoje, por exemplo comprei esse tal croissant (daqueles de pacote recheado com chocolate) mais um pacote de uns snacks salgados (sim, estava com fome e apetecia-me comer porcarias) e sabem quanto me custou?! 150 HUF (Hungarian Forints) que representa a módica quantia de 50 cêntimos, aproximadamente. UAU!

As meninas vão ao teatro!


Ontem fomos ao teatro (e hoje também, mas mais tarde contarei) porque decidimos que estávamos fartas de estar em casa à noite e não conhecer a cidade. Saídas do trabalho, fomos às compras (ser dona de casa, UAU!) e logo para casa para jantar e mudar de roupa (íamos ao teatro tínhamos que estar bonitas). Quando chegamos ao teatro, gente, gente e mais gente. Nós a pensar, “oh não, não vamos conseguir bilhetes”, perguntámos à senhora se ainda havia bilhetes e ela olhou mesmo com aquele ar: “Acham mesmo?!”

Mas disse para esperarmos, porque podia alguém desistir. Enquanto esperávamos, encontramos um bilhete no chão. Só restavam encontrar mais dois. Nós feitas loucas a olhar para o chão a ver se por um acaso não estariam mais bilhetes no chão, a brotar qual cogumelos selvagens.

Mas nada, nada de cogumelos selvagens ou bilhetes. Fomos falar com a “gerente” ou “chefe de sala” (não sei qual a designação, desculpem) e contámos que tínhamos 1 bilhete mas éramos 3 ela encolheu os ombros e disse para vendermos o bilhete. Entretanto as pessoas começaram a entrar, e nós ainda à espera a ver se alguém desistia.

Nisto a sala de espera ficou vazia e a sala do teatro cheia, quando a “chefe de sala” apontou para nós e diz para entrarmos! Uhh, vitória! Entrámos, vimos a peça (ok, sentadas nas escadas) MAS nem 1 bilhete pagámos. Fixe, ou não?!
O problema era que a peça era falada… O programa dizia que era dança (porque acham que fui, hein?! O meu húngaro está longe de ser bom). Havia dança, sim, mas era uma peça mais falada que dançada.

As minhas colegas tentavam aos poucos ir traduzindo mas esta revelou-se tarefa difícil visto que a peça falava de possibilidades e arbitrariedade ou não nas coisas e destino e cientistas como Einstein, Darwin e Newton que criaram regras e leis para prever acontecimentos. Enfim, uma tarefa complicada traduzir isto para inglês. Mas mesmo assim gostei.


De volta a casa ainda ficamos um pouco na conversa e eis senão quando olho pela janela e “ESTÁ A NEVAR! ESTÁ A NEVAR!” UAAAAAAAAAAAAU para mim é um acontecimento ver neve assim a cair do céu. Estava tipo criança a olhar pela janela à espera que o pai natal aparecesse. Fiz um vídeo, mas não creio que se consiga ver nevar… Aaah, foi um bom momento!

Contando como foi hoje o teatro, para não fugir muito à temática. Visto ontem ter sido uma boa experiência, hoje decidimos ir de novo. No entanto não vimos nenhum bilhete no chão e por isso tivemos mesmo que comprar bilhete. Mas vejam lá a exorbitância que foi: 100 HUF (por esta altura, se leram o que tenho escrito, já devem saber que não é nada caro, mas para os mais distraídos eu faço a conversão) ou seja, 40 cêntimos. (???) Sim, deixem confirmar, o bilhete para o teatro foi 40 cêntimos.

E hoje foi bem giro, porque foi TODO dançado. A peça foi uma performance de um grupo, embora amador, bastante bom. “Falava” de relações entre homens e mulheres, relação amor ódio e os laços que se vão formando entre as pessoas. Vale a pena ter uma vida cultural activa por aqui, principalmente porque sai barato.

Vamos lá ver se estes preços se mantêm durante o resto do ano ou se é apenas um programa especial.


(Nesta semana já fui ao teatro mais vezes que em Portugal vou em 6 meses. E digo isto com grande pena.)


Curiosidades do teatro: Vocês sabiam que aqui eles servem uns bolinhos na sala de espera? E que aqui as palmas são em uníssono? Foi tão engraçado. Lá estava eu a bater palmas, descontroladamente, como qualquer português, quando me apercebo que estava tudo muito bem ritmado (clap-clap-clap-clap), ri-me tanto que tive que parar de bater palmas até conseguir apanhar o ritmo e ir na onda. Ainda hoje me ri, quando começaram a bater palmas outra vez.


As aulas de húngaro correm bem (hoje foi a segunda) calculo porque ainda só ando a aprender o básico. Mas ao que parece sou “gifted” (como diz o professor) pois consigo apanhar rápido o sotaque, pior mesmo é decorar as palavras e ler com o som certo, leio sempre como se leria em português.

Mas ando a treinar em casa com as minhas colegas e fazemos várias sessões de vocabulário, sotaque e sons. É só rir, porque eu faço as caras mais estranhas ao tentar pronunciar as palavras da maneira correcta.

Mas resulta porque já vou sabendo umas palavritas soltas e as coisinhas básicas de vida real (ir às compras e pedir factura e perguntar preços, etc) só mais um pouco de treino e já o digo da maneira correcta. =)


Já tenho o meu primeiro programa de rádio editado! =) Depois dar-vos-ei a ouvir um pouco para darem a vossa opinião eh eh. O programa de edição de rádio é fenomenalmente fácil de funcionar (para eu conseguir mexer com ele é porque é fácil mesmo) o que torna as coisas mais giras porque terei que o explorar para dar uns toques na minha próxima aula. (Será que vou virar DJ de rádio, hum?! hum?!)


Quanto à comida, bem, quem me conhece, sabe que não sou esquisita a comer, tenho um paladar requintado (eh eh) mas não sou muito exigente, até porque sei que estou num país diferente com costumes gastronómicos diferentes (e porque comi 4 anos na cantina da minha faculdade). Mas realmente o meu estômago não tem aceitado (ou será aceite? O Windows diz aceitado!) muito bem os novos costumes e às vezes fico um pouco mal disposta depois de comer. Mas hoje provei finalmente o tão famoso GOULASH! E sabem que mais? Gostei J para quem não sabe é uma sopa tradicional húngara, que leva carne, feijão, vegetais e paprika. (como tudo aqui neste país! Eles põem paprika em tudo o quanto podem).

E para prato principal, outro prato tipicamente húngaro, massa com queijo doce, bacon e natas. (nada calórico como devem imaginar…) mas estava bem bom. Não sei explicar bem pois não sou tão boa repórter quanto gostaria, não consigo fazer descrições tão explícitas de sabores. Talvez com um pouco de treino vos consiga transmitir os paladares das receitas húngaras.


Tenho tirado fotografias a todas as minhas refeições para documentar um diário gastronómico Magyar. Vou mostrando umas quantas posts.

Estávamos a ver as minhas receitas (sim, trouxe receitas de casa, mesmo coisa à menina) e as minhas colegas iam perguntando “que é isto?”, “como se lê isto?”, etc. Então tomaram a decisão que querem aprender Português. Nem imaginam o divertido que é ensiná-las os nossos sons estranhos ah ah ah, vingançazinha! Rimos tanto com o esforço delas a tentar dizer cão ou alho. O som LHE é mesmo difícil para elas, dizem sempre “liu” ou “lu” nunca LHE. Vai ser divertido ensiná-las!

Acho que por hoje já chega!
Mais uma vez Obrigada por todas as vossas respostas.

São mesmo familiares e sempre com um cheirinho a casa. Por favor, continuem =)

Despeço-me em húngaro e português,


Puzsi (que se lê pussi ah ah ah) e beijoooooooooooooooooooooos


Inês na terra dos Magyares


P.S. - Ah, Sempre que sinto falta de ouvir Português, ouço a música que trouxe! Obrigada Deolinda e Mariza (deu-me agora para ouvir música mesmo com cheiro a Portugal) se tiverem algo do género, por favor enviem-me para matar as minhas SAUDADES! (palavrinha bem portuguesa) =)