sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Let it snow, let it snow
Fiz o meu primeiro anjo na neve, tal e qual como nos filmes! =) =) =)
Indescritível o meu estado de alma nestes últimos dias. Pareço uma criança sempre que saio de casa e vejo os passeios cobertos de neve (e tento não escorregar)… Apesar de não estar habituada a ter todo um ritual antes de sair para a rua (veste casaco, aperta até cima, põe luvas, põe cachecol) é incrível sair de casa e ver a cidade toda coberta dum maravilhoso manto branco. Não consigo parar de tirar fotografias.
Ainda não vos contei da chegada da minha colega de quarto. A Raika. É alemã e chegou na quinta-feira passada, o que significa que já não tenho o quarto só para mim. Mas vale a pena. Felizmente tenho tido muita sorte e as minhas colegas de casa são todas impecáveis. Temos todas, mais ou menos, as mesmas ideias e gostamos do mesmo, o que ajuda muito quando se partilha uma casa. A Raika também partilha os nossos sentimentos, estamos todas aqui para nos divertir e é mesmo isso que vamos fazer. =)
Com a chegada da Raika, algumas coisas mudaram, para melhor. =) Tendo em conta que ela fala Inglês fluentemente, estamos todas a melhorar o nosso inglês e sempre a pensar na maneira mais correcta de dizer isto ou aquilo.
Já começamos a criar os nossos primeiros rituais:
- Domingos à noite: noite de máscaras faciais e cocktails. Conseguem imaginar o divertido que é.
- Fazemos Pilates todas as noites.
- E de vez em quando falamos na nossa língua mãe, para que todas consigam aprender e ensinar Alemão, Português, Húngaro e Romeno.
(ter uma casa com 4 meninas, dá nisto)
- Ah, e claro, comer chocolate e gomas enquanto falamos mal de homens. Eh eh (não é bem assim, mas só para dar uma imagem)
O primeiro fim-de-semana por cá, confesso que acabou por não ser muito produtivo mas em termos de criar laços entre as 4, foi óptimo.
Girl’s night out
Sexta à noite lá fomos sair pela primeira vez, aqui por Nyíregyháza. Acabámos por não ir para nenhuma discoteca pois estávamos de rastos. Ficámos pelo pub a beber e a socializar com a Vicky (nossa mentora) e alguns amigos dela. Já sei pedir uma cerveja – Kérek egy Sört. Útil, hein?! No caminho para casa, apercebemo-nos que conseguíamos “patinar” na neve, a partir daí conseguem imaginar o resto do caminho… sempre a patinar e fazer figuras parvas, mas foi tão divertido. (depois mostro o vídeo)
No sábado estávamos tão preguiçosas que nem saímos de casa. Foi dia de Preguiça total! Não se fez mesmo nada, só estar estendidas na cama a aprender Húngaro, jogar cartas e ver filmes. Soube tããããão bem.
No domingo já loucas por não fazer nada, fomos às compras bem cedinho para encher a dispensa e o frigorifico (e claro a alma, também). Ao que parece perdemos a cabeça e comprámos quase o supermercado todo. Devem imaginar como foi um longo caminho para casa a pé… É mesmo má ideia 4 raparigas sozinhas às compras, chocolates, chocolates, chocolates e vá, para variar uns 4 pacotes de gomas para não enjoarmos. (E mais umas quantas bolachas para levar para o escritório) tse tse tse
(Com isto tudo o Pilates deve fazer um grande efeito, hum?!)
De volta ao mundo real, chegámos a casa e fomos fazer o almoço. A Tünde tratou de pôr mãos à obra e fez almôndegas. (algo semelhante, mas vamos chamar de almôndegas na mesma). E a Raika fez o molho, enquanto eu e a Zsuzsa pusemos a mesa e lavámos a loiça. (Também é importante, sabem?!) 1º almoço de Domingo huuumm, bem bom. Andamos a viver no luxo.
Com o passar das horas, chegou a altura do cocktail da semana. Sabem qual foi?! CAIPIRINHAS J óbvio que todas as meninas adoraram. E entretanto máscaras faciais! É mesmo coisa à menina, não é? Mas acreditem que nos divertimos muito. Além de que ficamos com uma pele fantástica.
Em resumo foi um fim-de-semana muito bom, nada produtivo em termos de utilidade (talvez apenas no aumento do meu léxico húngaro) mas deu para descansar da semana “stressante” de trabalho. Ah ah ah
Falando agora um pouco mais a sério, acreditem que já estou farta de não ter muito para fazer na organização. 6 horas por dia sem fazer nada… dá cabo do juízo a qualquer um. Já não sei que mais pesquisar na internet, que mais e-mails mandar… bah! Vou ter que arranjar qualquer coisa para trabalhar, senão dou em louca e o meu cérebro deixa de funcionar.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
As meninas vão ao Teatro + NEVE!!
Primeiro, na organização onde estou a trabalhar ninguém fala inglês além da minha mentora, a Vicky. O que significa que quando preciso de alguma coisa e, por acaso, a Vicky não está, lá tenho eu que chatear as minhas colegas para serem as minhas tradutoras ou vice-versa.
Mas como tristezas não pagam dívidas, fui falar com a Vicky (única que me entende, pobrezita) e contei-lhe isso mesmo que ninguém estava a fazer um esforço para me sentir integrada e bem-vinda, e tendo em conta que foram eles que me escolherem para trabalhar para e com eles, não estavam a iniciar este relação da melhor maneira. Ao que parece resultou =) agora sempre que vão lá ao escritório, para fazer qualquer coisa, lá vem um belo “Szia” e ainda traz um amigo, um sorrisinho!
Por falar no croissant, tenho que partilhar que aqui as coisas são muito baratas! Não sei se sou eu que estou mal habituada a Lisboa e ao €uro (que veio encarecer muito as coisas) mas hoje, por exemplo comprei esse tal croissant (daqueles de pacote recheado com chocolate) mais um pacote de uns snacks salgados (sim, estava com fome e apetecia-me comer porcarias) e sabem quanto me custou?! 150 HUF (Hungarian Forints) que representa a módica quantia de 50 cêntimos, aproximadamente. UAU!
As meninas vão ao teatro!
Ontem fomos ao teatro (e hoje também, mas mais tarde contarei) porque decidimos que estávamos fartas de estar em casa à noite e não conhecer a cidade. Saídas do trabalho, fomos às compras (ser dona de casa, UAU!) e logo para casa para jantar e mudar de roupa (íamos ao teatro tínhamos que estar bonitas). Quando chegamos ao teatro, gente, gente e mais gente. Nós a pensar, “oh não, não vamos conseguir bilhetes”, perguntámos à senhora se ainda havia bilhetes e ela olhou mesmo com aquele ar: “Acham mesmo?!”
O problema era que a peça era falada… O programa dizia que era dança (porque acham que fui, hein?! O meu húngaro está longe de ser bom). Havia dança, sim, mas era uma peça mais falada que dançada.
De volta a casa ainda ficamos um pouco na conversa e eis senão quando olho pela janela e “ESTÁ A NEVAR! ESTÁ A NEVAR!” UAAAAAAAAAAAAU para mim é um acontecimento ver neve assim a cair do céu. Estava tipo criança a olhar pela janela à espera que o pai natal aparecesse. Fiz um vídeo, mas não creio que se consiga ver nevar… Aaah, foi um bom momento!
Contando como foi hoje o teatro, para não fugir muito à temática. Visto ontem ter sido uma boa experiência, hoje decidimos ir de novo. No entanto não vimos nenhum bilhete no chão e por isso tivemos mesmo que comprar bilhete. Mas vejam lá a exorbitância que foi: 100 HUF (por esta altura, se leram o que tenho escrito, já devem saber que não é nada caro, mas para os mais distraídos eu faço a conversão) ou seja, 40 cêntimos. (???) Sim, deixem confirmar, o bilhete para o teatro foi 40 cêntimos.
(Nesta semana já fui ao teatro mais vezes que em Portugal vou em 6 meses. E digo isto com grande pena.)
Curiosidades do teatro: Vocês sabiam que aqui eles servem uns bolinhos na sala de espera? E que aqui as palmas são em uníssono? Foi tão engraçado. Lá estava eu a bater palmas, descontroladamente, como qualquer português, quando me apercebo que estava tudo muito bem ritmado (clap-clap-clap-clap), ri-me tanto que tive que parar de bater palmas até conseguir apanhar o ritmo e ir na onda. Ainda hoje me ri, quando começaram a bater palmas outra vez.
As aulas de húngaro correm bem (hoje foi a segunda) calculo porque ainda só ando a aprender o básico. Mas ao que parece sou “gifted” (como diz o professor) pois consigo apanhar rápido o sotaque, pior mesmo é decorar as palavras e ler com o som certo, leio sempre como se leria em português.
Já tenho o meu primeiro programa de rádio editado! =) Depois dar-vos-ei a ouvir um pouco para darem a vossa opinião eh eh. O programa de edição de rádio é fenomenalmente fácil de funcionar (para eu conseguir mexer com ele é porque é fácil mesmo) o que torna as coisas mais giras porque terei que o explorar para dar uns toques na minha próxima aula. (Será que vou virar DJ de rádio, hum?! hum?!)
Quanto à comida, bem, quem me conhece, sabe que não sou esquisita a comer, tenho um paladar requintado (eh eh) mas não sou muito exigente, até porque sei que estou num país diferente com costumes gastronómicos diferentes (e porque comi 4 anos na cantina da minha faculdade). Mas realmente o meu estômago não tem aceitado (ou será aceite? O Windows diz aceitado!) muito bem os novos costumes e às vezes fico um pouco mal disposta depois de comer. Mas hoje provei finalmente o tão famoso GOULASH! E sabem que mais? Gostei J para quem não sabe é uma sopa tradicional húngara, que leva carne, feijão, vegetais e paprika. (como tudo aqui neste país! Eles põem paprika em tudo o quanto podem).
Tenho tirado fotografias a todas as minhas refeições para documentar um diário gastronómico Magyar. Vou mostrando umas quantas posts.
Estávamos a ver as minhas receitas (sim, trouxe receitas de casa, mesmo coisa à menina) e as minhas colegas iam perguntando “que é isto?”, “como se lê isto?”, etc. Então tomaram a decisão que querem aprender Português. Nem imaginam o divertido que é ensiná-las os nossos sons estranhos ah ah ah, vingançazinha! Rimos tanto com o esforço delas a tentar dizer cão ou alho. O som LHE é mesmo difícil para elas, dizem sempre “liu” ou “lu” nunca LHE. Vai ser divertido ensiná-las!
Acho que por hoje já chega!
Mais uma vez Obrigada por todas as vossas respostas.
Despeço-me em húngaro e português,
Puzsi (que se lê pussi ah ah ah) e beijoooooooooooooooooooooos
Inês na terra dos Magyares
P.S. - Ah, Sempre que sinto falta de ouvir Português, ouço a música que trouxe! Obrigada Deolinda e Mariza (deu-me agora para ouvir música mesmo com cheiro a Portugal) se tiverem algo do género, por favor enviem-me para matar as minhas SAUDADES! (palavrinha bem portuguesa) =)
Fim-de-semana em Budapeste!
Sexta-feira à tarde e lá fui eu apanhar o comboio (das 16.30) para Budapeste. Saí do trabalho mais cedo, fui a casa buscar a minha mochila do turismo e parti em busca da estação de comboios. A minha sorte é que a estação de comboios é na minha rua, portanto foi só andar em frente até ver uma data de comboios e pessoas (aqui as pessoas viajam muito de comboio)
E 3 horas depois já estava na Capital =)
Fui ter a casa da Rossana e aí conheci a Joana, amiga dela que também a estava a visitar. Nessa noite fomos a uma festa de despedida dum amigo espanhol que se vai embora de volta para Espanha. Foi uma festa tão diferente para mim, não estou nada habituada a este género de festa tipo “Erasmus”, onde se conhece gente de toda a parte. (Adorei, como calculam! =)) Conhecer malta de várias nacionalidades e estar num agradável convívio, foi muito, muito nice. É todo um mundo novo por descobrir!
Após a festa ainda fomos parar ao Szimpla bar, o que foi óptimo, poder ir de novo àquele fantástico irreverente sítio, onde as portas são aquelas tiras de plástico que se vêm nos talhos, os candeeiros são feitos de caixotes de lixo do Ikea, os sofás são feitos das coisas mais inimagináveis, como banheiras, barris ou até mesmo um carro cortado ao meio. Tem uma sala só com botões (de computadores, de maquinas antigas, joysticks, etc.) e vários ecrãs, e corre o rumor que um dia os botões funcionavam, ou seja, podiam “manipular” as imagens dos ecrãs.
Só vendo para acreditar! E foi no Szimpla que as 3 meninas beberam a sua Palinka (ver caixa informativa). Era ver qual de nós fez a cara mais feia após o shot da Palinka comum, de ameixa. Mas é como diz a Rossana, a Palinka é tão forte que não dá para sentir o sabor de nada, só mesmo do álcool. Em Roma, sê Romano e se estás na Hungria tens que beber Palinka! (é como ir a Portugal e não provar vinho do porto ou a Ginjinha) E depois de termos sido praticamente expulsas do bar lá tivemos que ir para casa.
Uma boa noite em Budapeste! =)
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PALINKA (retirado da Wikipédia)
Bebida tradicional húngara, é uma espécie de licor de frutas que é duplamente destilada produzida na Hungria e na Transilvânia.
A Palinka é feita com várias frutas, as mais comuns são: Ameixas, Pêras ou Pêssegos.
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No sábado, visto ser o último dia de estadia da Joana em Budapeste, fomos fazer o típico passeio turístico de compras. Não sem antes ir ao mercado (ver foto) almoçar outra especialidade húngara – Langosh - uma espécie de pizza, mas com uma massa mais semelhante à do churro (salgada) e depois por cima leva natas e queijo. (é bom, mas um pouco enjoativo) Depois de andarmos a ver as lojas turísticas e da Joana ter comprado as suas lembranças, estávamos bem cansadas e fomos relaxar para uma “bistro house” bem catita, com lareira e uns sofás onde pudemos estar esparramadas a falar. Tivemos que ir embora para fazer o jantar e nos preparamos para a grande noite que se avizinhava.
(Uma coisa muito boa em Budapeste é que se pode ir a pé para todo o lado.)
A Sparty foi acolhida nas Piscinas Turcas mais antigas da Europa, um local com mais de 500 anos.
Definição de Sparty: muito semelhante a uma discoteca onde há música e muitos jovens com apenas algumas particularidades:
Piscina aquecida + ambiente húmido + escuridão
Quantidade de roupa escassa
Pronto, com esta pequena fracção dá para perceber que numa Sparty reina “o deboche e a promiscuidade”. (íamos nós a pensar nisso no caminho para lá, a partilhar histórias ouvidas e boatos que circulam sobre antigas Sparties). No entanto não foi o caso desta! Tivemos muita sorte pois não estava muita gente nessa noite e não se presenciou um ambiente tão “devasso” como nós receávamos.
À ida para casa ainda fomos ao Godör bar, que traduzindo para Português é o “buraco”, porque este se situa debaixo duma praça. E teoricamente o bar é mesmo um buraco “escavado” por debaixo da praça. Dito assim até parece mau, mas o bar é muito giro e é um espaço muito bem conseguido. Mais uma vez tivemos que ser “expulsas” do bar, devido ao adiantado da hora…
Domingo, o dia acordou triste e a cheirar mesmo a Domingo, não sei explicar esta sensação, mas é uma espécie de nada para fazer e sair à rua e estarem vazias, estar tudo fechado e parece que nada nos anima. E o facto de o sol não brilhar, não ajuda nada!
E aí foi a Inês de volta a Nyíregyháza.
Sem dúvida Budapeste é uma cidade com vida própria. (e se tiver oportunidade irei voltar outra vez).
Beijoooooos
Inês na terra dos Magyares
rádio + corvos
Ontem o dia foi muito cansativo. Andámos cerca de 2 horas (ida e volta) a pé para ir a uma escola do outro lado da cidade com o intuito de entrevistar uma professora e uns alunos para uma reportagem para a rádio. (mais uma vez não percebi bem que tipo de reportagem irá ser feita, pois foi tudo falado e discutido em húngaro). Mesmo assim, acompanhei-as até à escola, para conhecer mais um pouco da cidade e aproveitei e fiz a foto reportagem. (Não estava mesmo a fazer nada e entretive-me a tirar fotos à entrevista, aos miúdos e à escola). Confesso que aquela parte da cidade onde fomos não é nada bonita. Pareceu-me o típico bairro leste comunista, só prédios e mais blocos de prédios tudo cinzento e triste. Nada de jardins ou algum sitio giro para passear. Mas valeu pelo passeio, pude ver mais um pouco da cidade que ainda não tive tempo para conhecer.
Mal chegamos à organização estávamos tão cheias de fome que fomos logo almoçar e desta vez não era nada de particularmente esquisito. (as sopas aqui é que não são sopas, são caldos, são feitas com água e ingredientes que são atirados inteiros para dentro do tacho, já tenho saudades das nossas sopinhas portuguesas.)
E gravei a minha 1ª aula de português na rádio. Esperava que corresse melhor, confesso. Tinha preparado a minha aula com base na minha 1ª aula de húngaro, portanto tinha umas palavritas em húngaro e ia traduzi-las para português. Eis senão quando me apercebo que a minha lição de português ia ser totalmente gravada em português. E eu pensei para mim mesma: Desde quando poderá ser uma lição em português para húngaros se ninguém ira perceber o que digo?!E perguntei isso mesmo: “Mas ninguém irá perceber o que estarei a dizer.” Ao que me respondem: “Não interessa!”.
Ou seja, eles aqui na organização não querem uma coisa bem feita, apenas têm que cumprir as directivas do programa de voluntariado que impõe que as voluntárias tenham uma hora por semana na rádio, não interessando o conteúdo do mesmo ou sequer a língua em que o programa é feito. (confesso que fiquei super desiludida) Mas vou tentar dar a volta e preparar o meu programa meio em português meio em húngaro com a ajuda das minhas colegas. Senão não estarei a fazer a mínima diferença. Espero conseguir dar o meu contributo da melhor maneira possível, para que o Português faça alguma diferença aqui na rádio.
Hoje o dia amanheceu solarengo e prevê-se que esteja assim o dia todo! Que bom, poder fechar os olhos e sentir o sol na minha pele. Só me falta uma coisa, o cheiro a maresia! Parece estranho, mas para quem vive perto do mar, este torna-se o nosso melhor amigo, apesar de distante e de por vezes apenas visto pela janela do comboio. Para nós, torna-se um amigo, um amigo silencioso, que não precisa de dizer ou fazer nada para nos confortar basta-lhe estar lá e ser ele mesmo. Para quem está habituado a desfrutar da sua companhia quase diariamente nos meses mais quentes do ano, ou apenas poder passear à beira mar e ouvi-lo, sabe que é difícil viver longe deste elemento. Quase que se torna parte de nós e nós parte dele. Portanto vejam lá se me mandam postais com as nossas maravilhosas paisagens. Isto dos blogs é muito bonito, mas falta qualquer coisa. (vá, também aceito e-mails com fotografias em anexo)
Hoje descobri uma coisa um pouco perturbadora. Já tinha reparado na quantidade imensa de pássaros que há aqui mesmo no meio da cidade, estão nos jardins ou mesmo nas árvores, mas só hoje é que os pude ver mesmo de perto e pude perceber que são CORVOS!! E acreditem, são mesmo muitos. Sendo eu, uma menina da cidade que não está habituada a ver muitos pássaros mesmo a uns centímetros de nós, torna-se um pouco estranho estar rodeada por tantos corvos. Sou perseguida pelos pássaros da morte. Muahahahah
No entanto, estive a investigar e ao que parece os corvos são animais muito inteligentes. “Exibem sinais de inteligência, planeamento e comunicação entre indivíduos” e “Em testes específicos de inteligência animal costumam atingir altas pontuações” – retirado da Wikipédia.
Têm esta percepção, em várias mitologias, de “animais da morte” devido à sua plumagem negra e hábitos necrófagos. (apesar de tudo isto, vou manter-me alerta e nada de movimentos bruscos ao pé dos corvos, com medo que voem em direcção a mim com aquele olhar maléfico e bico furioso) brrrr
Correcção do pedaço de História que vos contei: A Hungria perdeu terreno do seu país, após ter ficado estabelecido no julgamento de Nuremberga que esse seria a sua pena, por ter ficado do lado Nazi na segunda guerra mundial.
Mais uma vez reforço a ideia (para aqueles que têm perguntado e também para quem não perguntou), podem me visitar à vontade. É só combinar datas para ver se dá e a casinha e eu estaremos à vossa disposição.
Ao que parece neva ai muito em Portugal. Contem-me tudo! Infelizmente não tenho tido tempo para ver os jornais, porque no escritório não posso estar a ver o telejornal, cai mal, né?
Partilhem coisas!
Beijoooooooooos,
Inês na terra dos Magyares
Sopa de fruta... blergh!
Espero que tenham gostado das fotos que vos mandei. Como vêm, a casa não é muito grande, mas ao contrário do que muitos de vocês pensavam não é um quartinho minúsculo que tenho que dividir com outras 500 pessoas. Na, é uma casinha porreira que dá muito bem para 4 meninas. Mas descobri uma coisa que me perturbou sobre a casa… A Vicky (a minha mentora aqui) tinha-me contado que a casa era duma velhota mas que agora ela estava não sei bem onde (às vezes não percebo bem o Inglês dela, pois tem um pouco de sotaque húngaro, o que torna difícil perceber certas palavras). Continuando, as minhas colegas de casa contaram-me que afinal a velhota que vivia na casa, morreu. E elas desconfiam, por certas coisas que ouviram, que ela deve ter morrido mesmo em casa. Brrrrr Agora todos os barulhos estranhos à noite soarão muito piores!
Falando de coisas bem melhores, (ok, não foi das melhores maneiras de começar),
Já vou às compras com uma lista séria (uma lista que inclui mais coisas do que gomas e batatas fritas…). Já ponho a roupa para lavar e também a tenho que passar. Além de que também sou útil na cozinha, não me limito só a comer. (quem me conhece sabe que às vezes cozinho, mas com a minha mãezinha a cozinhar não tenho essa necessidade) Ainda por cima, tenho que fazer a minha cama todos os dias, pois durmo num sofá cama (só para ver se ganho melhores hábitos).
E como o Gonçalo referiu num e-mail, muito perspicaz, aquela casa de banho sem cortina de banho é uma pequena aventura. Tens razão, a esfregona cá em casa é muito útil para limpar a piscina que se forma após cada duche. Aventuras e desventuras, mas já falámos sobre isso e vão ver se nos conseguem arranjar uma cortina. (a ver vamos…)
Como partilhei com vocês anteriormente, hoje tive a minha primeira aula de húngaro!! Ao que parece não sou assim tão má, mas hoje apenas aprendi o abecedário e algumas palavras muito simples. De momento, sou a única voluntária a ter estas aulas (a outra rapariga ainda não chegou) e por isso as aulas são one-on-one. O que para mim é muito estranho porque estar ali 1 hora sempre a prestar atenção e a escrever tudo no caderno, não é mesmo para mim.
Hoje foi um dia cheio de novas experiências, estive no estúdio de rádio e gravei o meu spot publicitário. Eh, eh
E por falar em novas experiências, hoje experimentei SOPA DE FRUTA! Blergh!! É muito típico por estes lados, não sei bem porquê. Com tanta coisa boa que se pode fazer com fruta, porquê sopa?! Eu não gostei nada. Parece que estou a beber um batido de fruta mas quente e muito líquido. Na foto que vos envio parece que estou feliz, mas é apenas porque ainda não tinha provado a sopa. (sopa cor de Rosa, por ser de frutos silvestres) Pelo menos provei e já posso dizer que detesto sopa de frutos silvestres.
E afinal as minhas colegas de casa, não são romenas per si. Um pouco de história que me foi explicada num inglês muito enrascado, portanto qualquer erro histórico peço desde já desculpa, porque a comunicação às vezes falha. No final da segunda guerra mundial, as coisas a Leste andavam um pouco difíceis, então era um pouco cada um por si e invasões por “dá cá aquela palha”. E como território, Hungria era muito vasta, mas ao serem estabelecidas as fronteiras, a Roménia (penso que por ter mais poder na altura, não percebi bem) “roubou”um pedaço de território à Hungria. Tudo isto politicamente. E nesse pedaço que foi “roubado”, todos os habitantes até aos dias de hoje são oficialmente cidadãos Romenos, mas sentem-se como húngaros. Aliás, a língua mãe deles é o húngaro e só aprendem o romeno na escola. Elas vivem numa cidade a 2 horas de carro daqui de Nyíregyháza, portanto no mapa é fácil de perceber esta questão territorial. (se detectarem qualquer erro, que deve ter de certeza, por favor ajudem a corrigir)
Mais uma coisa nova no nosso dia muito agitado, conhecemos uns vizinhos no nosso prédio. (já nos estamos a integrar na comunidade eh, eh) Estávamos a fazer profiteroles quando nos apercebemos que nenhuma de nós sabia mexer com aquele forno pré-histórico. Fomos chamar o nosso vizinho da frente, que é um velhote simpático que já nos tinha ajudado uma vez, e ele diz-nos para irmos ter com os vizinhos de cima, porque eles têm um forno igual ao nosso. (Mas disse isto com um ar malandro) Lá fomos nós, as 3 meninas, ter com os vizinhos de cima e lá apercebemo-nos que são 3 rapazes. O velhote deve ter olhado para nós e começou logo a fazer arranjinho com os vizinhos de cima… Bem, um deles fez o favor de nos vir acender o forno, foi bastante prestável, até nos deu uma caixa de fósforos.
Este fim-de-semana devo ir a Budapeste para uma sparty. Para quem não sabe é um evento que junta 2 coisas muito boas: SPA+PARTY=SPARTY! Parece boa ideia, não é? Depois mostro fotos e conto como foi.
Este post já vai longo… muitas coisas para contar. Espero que ao fim de umas semanas o ritmo de posts abrande um pouco para que vocês e eu possamos descansar um pouco. (Isto de escrever é mais difícil que falar…)
Um grande beijo
Inês “na terra dos Magyares”
P.S. - Lembram-se de no último post vos ter dito que laranja em romeno se diz Portucale? Mais uma vez, o Adolfo explica: “quanto a portucale, vem mesmo de Portugal, diz-se igual em turco. O meu amigo turco disse-me que se chama assim porque os muçulmanos só conheceram as laranjas quando chegaram à Península Ibérica, então chamaram-nas segundo o sítio onde as descobriram.” Mais uma vez, “E esta, hein?”
Casa e Escritório
Por aqui tudo corre bem, mesmo com este frio todo, cerca de 4® (tentei encontrar o símbolo dos graus centigrados, mas não encontrei.)
Hoje escrevo-vos com um pouco de pressa porque daqui a nada vou sair e não tenho internet em casa e por isso só consigo estar conectada com o mundo real 6 horas por dia (o meu horário de trabalho – 10h às 16h) BOA VIDAAAAAAAA! =)
A casa onde estou fica a cerca de 15 min. a pé do escritório, o que é bom para fazer exercício e ficar a conhecer a cidade. Facto sobre a cidade onde estou (Nyíregyháza): tem cerca de 120.000 habitantes e é a 2ª maior cidade da Hungria.
Quanto à história da casa de banho ser separada, fui esclarecida pelo Adolfo que me explicou que: “as casas de banho separadas são típicas do leste comunista eram feitas assim porque morava muita gente na mesma casa assim, uma só pessoa não ocupava toda a casa de banho. Um podia estar a fazer uma coisa e outra pessoa outra coisa” (excerto de conversa prévia no Messenger) E esta, hein?!
Ontem lá chegaram as minhas colegas de casa, as 2 romenas. (A alemã só chega daqui a 2 semanas, o que significa que tenho o quarto só para mim, durante mais tempo) São muito simpáticas. Ambas falam húngaro fluentemente o que é bom por um lado, mas mau por outro. Passo a explicar: para ir às compras e ir às lojas e vá, viver a vida real, é óptimo porque elas perguntam e explicam o que são as coisas e têm a noção se as coisas são baratas ou caras. Dá muito jeitinho, não ter que m armar em macaca e ter que explicar ao senhor da caixa do supermercado que quero arroz ou laranjas e que quero recibo das compras em linguagem gestual. Estão a ver as figuras, né?
No entanto, quando estamos na organização põem-se todos a falar em húngaro e eu a olhar a ver se consigo apanhar qualquer coisa, mas NÃO, o húngaro é IMPERCEPTÍVEL!! Alias, já consegui apanhar 3 palavras que são parecidas: Álcool, cigarros e ananás. Isto porque a organização não paga álcool nem cigarros, caso sejamos fumadoras (nenhuma de nós é). E ananás porque li na lista do menu do restaurante.
Enfim, mas elas são impecáveis e lá me vão ensinado umas coisinhas em húngaro. E quando estamos as 3 em casa, elas não falam “estrangeiro” (porque não sei o que elas falam entre elas, húngaro ou romeno) só falam Inglês para eu perceber. São porreiras. =)
Quanto ao almoço é bem fixe, encomendados todos os dias dum restaurante aqui perto, portanto fome não vou passar!
Amanha vou ter a minha primeira aula de húngaro… Medo! Até por que já ouvi dizer que é a terceira língua mais difícil de aprender a seguir ao Japonês e Basco.
Por hoje acho que é tudo, tenho que sair que ainda vamos às compras para casa. (sou uma dona de casa agora eh, eh) Ontem fizemos carbonnara para o jantar, ficou bem bom!
Para quem quiser escrever cartas ou enviar coisinhas, aqui vai a minha morada de casa:
4400 Nyíregyháza,
Mezo utca 5. II/5
Hungary
E dos escritório:
Kék Egyesulët
4400 Nyíregyháza
Svent Istvan utca 20.
Beijos para todos
Inês na terra dos Magyares
(sabem como se diz Laranja - fruta em Romeno? Portucale! Achei piado porque é parecido com Portugal)
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Spots publicitário em Húngaro
have fun
http://www.muziboo.com/inesfvaladas/music/spot-publicitário-magyar-1
http://www.muziboo.com/inesfvaladas/music/spot-publicitario-magyar-2
beijos
Inês na terra dos Magyares
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
O que é o SVE
Serviço de Voluntariado Europeu
Começando pelo inicio.
A EU tem um programa intitulado Juventude em Acção. Especialmente criado para jovens com o intuito de fomentar a mobilidade europeia nas camadas juvenis dos países pertencentes à EU. -> “Tem como objectivo estimular o sentido activo de cidadania europeia, a solidariedade e tolerância entre os jovens europeus e o seu envolvimento na construção do futuro da União Europeia. O programa promove a mobilidade dentro e fora das fronteiras europeias, a educação não formal, o diálogo intercultural e encoraja a inclusão de todos os jovens, independentemente da sua origem educacional, social ou cultural.” (retirado do site)
Dentro deste programa, existem 5 acções para cumprir com os seus objectivos. O SVE é uma delas. (mais precisamente a acção n.º 2).
“O Serviço Voluntário Europeu permite aos jovens desenvolver num período que pode ir até doze meses uma acção de voluntariado num país diferente do seu país de residência. Fomenta a solidariedade entre os jovens e é um verdadeiro serviço de aprendizagem. Para além do benefício para as comunidades locais, os voluntários adquirem novas competências e linguagens e descobrem outras culturas” (retirado do site)
Explicando sucintamente o processo:
- Existe uma base de dados com organizações acreditadas que desenvolvem projectos para receber ou enviar voluntários. (chamadas organizações de acolhimento e/ou de envio, respectivamente).
- O futuro voluntário consulta a base de dados para ver os projectos que lhe interessam consoante os seus critérios (uma pessoa pode procurar um projecto por preferência de país ou área de actividade)
- Escolhidos uns quantos projectos, a organização de envio do voluntário faz a candidatura pelo voluntário. (nesta fase é enviada para todos os projectos o CV do candidato bem como uma carta de motivação a explicar a candidatura).
- Aí, as organizações para onde é enviada a candidatura, respondem se já têm voluntários ou se estão interessados, ou se não estão interessados neste voluntário, etc.
- Depois de o candidato ter sido seleccionado por um projecto desenrola-se o processo de envio do candidato. (tudo isto é tratado pela organização de envio)
- Tudo isto obedece a certos limites de datas. As candidaturas são efectuadas por fases ao longo do ano, as respostas também são dentro de determinadas datas, etc.
- Se estiverem interessados em saber mais podem ir ao site:
- Se realmente quiserem participar num projecto destes aconselho-vos a arranjar uma organização de envio que vos esclareça. E que vos ajude em todo o processo.
- Um último esclarecimento. Tudo isto é pago! O voluntario não tem que, teoricamente, gastar dinheiro seu. Este programa abrange todos os custos: a viagem de ida e volta, o alojamento, alimentação, curso de línguas no país de acolhimento, e ainda um Pocket Money dado consoante o nível de vida do país.
Qualquer dúvida que tenham podem-me perguntar =)
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
A chegada à terra Magyar
Mal cheguei a Budapeste vi nevar, pela primeira vez na vida! UAU =)
A Rossana foi uma querida e foi-me buscar ao aeroporto, o que foi óptimo porque me pode ajudar com as minhas malas e com o meu super excesso de bagagem… (20 kg para 6 meses, era impossível). Lá fomos nós para a estação de comboios (sobe escada, desce escada com a mala que mais parecia ter chumbo lá dentro).
Mais umas horinhas de viagem até Nyíregyháza (que afinal se diz de maneira completamente diferente como vos ensinei). Mal cheguei à estação lá estava Vicktória para me receber (Viky para os amigos), é a típica húngara, loira alta de olhos azuis, uma querida. Estava lá à minha espera com o namorado que levou carro, o que foi muuuuito bom, porque já não tive que carregar mais com a mala.
Já estou devidamente instalada na minha casinha (está toda decorada a anos 70, mas é bem confortável e espaçosa). Portanto podem vir visitar-me à vontade porque há espaço para todos. Eh, eh
Quanto a mim a casa só tem um problema, a casa de banho está dividida em 2, ou seja, banheira e lavatório numa divisão e sanita noutra. É um pouco estranho…
Por aqui faz-se sentir o frio (estão à volta duns loucos 0 graus) mas está sol, o que é bom porque me faz lembrar a casa. Ainda não pude conhecer a cidade, pois cheguei ontem e estava tão cansada que foi desfazer as malas (coisa que demorou bastante tempo) e depois como ainda estava mais cansada nem a cama fiz, abri o saco cama e lá dormi! Apesar de ter sido difícil adormecer, porque estava sozinha numa casa estranha com barulhos estranhos. (aquele frigorífico é muito barulhento)
As outras voluntárias com quem vou partilhar a casa chegam só hoje, portanto tive a sorte de ser a primeira a chegar e puder escolher o melhor quarto e a melhor cama. Lucky me! =)
Neste momento, escrevo-vos do MEU escritório, sim porque eu tenho uma salinha onde vou trabalhar. Viva o LUXO!! Ok, ok não é só meu, vou partilhar o escritório com outra voluntária, mas mesmo assim é muito bom. É grande com uma grande janela onde entra o sol. A organização tem umas instalações Excelentes, divisões enormes, bem aquecidas e tudo muito bem equipado.
A rádio é na cave do escritório, tudo muito bem decorado, com sofás e mantas, fotos e postais de vários sítios. Vou ter o meu próprio programa de rádio, onde vou dar aulas de português e eventualmente num programa sobre Europa vou falar e dar a conhecer Portugal.
Até agora estou muito bem surpreendida com tudo. Vou-vos escrevendo quando puder a contar as novidades.
Beijoooooos ou csókok (em húngaro)
Inês na terra dos Magyares
(escrito a 2 de Fev.)
O inicio da blogoesfera
A pedido de várias pessoas aqui estou eu a iniciar-me na blogoesfera.
De modo a que seja um blog coerente irei começar do inicio, a minha chegada, os meus primeiros contactos, etc.
Tentarei "postar" duma forma regular tanto quanto me fôr possível.
Beijoooos
Inês na terra dos Magyares